sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Caçador de Vidas Passadas


Falecido no primeiro semestre de 2007, o psiquiatra Ian Stevenson foi a maior autoridade mundial no estudo da reencarnação com método científico. Não conseguiu provar sem sombra de dúvidas que, em nossa trajetória evolutiva, nós realmente vivemos (e morremos) muitas vezes. Mas as descobertas que fez, o imenso acervo que coletou de casos que sugerem reencarnação, o fizeram chegar a poucos passos das provas definitivas.

Em 8 de fevereiro de 2007, o estudo científico da reencarnação sofreu uma perda pesada, dessas que demoram a ser substituídas. Aos 88 anos, após um longo tratamento contra a pneumonia, faleceu em Charlottesville, na Virgínia (EUA), o professor Ian Stevenson, a maior autoridade mundial nessa área. Graduado em medicina, professor de psiquiatria e diretor da Divisão de Estudos da Personalidade (atualmente, Divisão de Estudos da Percepção) da Universidade de Virgínia, ele dedicou mais de 40 anos à pesquisa da reencarnação e escreveu mais de 200 artigos e livros fundamentais sobre o tema.

Stevenson nasceu em 31 de outubro de 1918, em Montreal, no Canadá. Estudou nas universidades de St. Andrews (Escócia) e McGill (Montreal). Nesta última, graduou-se em medicina como o primeiro da turma. Antes de se fixar no Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, em 1957, ele trabalhou na Faculdade de Medicina da Universidade Cornell (1947- 1949) e na Louisiana State University (1949-1957).

O interesse de Stevenson por assuntos extra-acadêmicos provavelmente teve a influência de sua mãe, adepta da teosofia. Em 1950, após um encontro com Aldous Huxley, ele se tornou um dos pioneiros no estudo médico dos efeitos do LSD. Os seus estudos na área parapsicológica incluem diversos temas, como telepatia, precognição, xenoglossia, experiências de quase-morte, aparições, mediunidade e fotografia psíquica. Mas foi com os seus trabalhos sobre a reencarnação que ele se tornou mundialmente conhecido.

Como levar um assunto tão esquivo como a reencarnação para os domínios da ciência? Stevenson concentrou- se no estudo de casos, em especial aqueles em que crianças pequenas informavam espontaneamente o que seriam recordações de uma vida passada. Em geral, essas crianças começam a dar informações sobre uma existência anterior entre 2 e 4 anos, e aos 8 já não se recordam mais do tema.

Cauteloso, Stevenson nunca afirmou que os seus melhores casos comprovavam a reencarnação, já que as ferramentas contemporâneas da ciência ainda não são capazes de flagrar esse fenômeno. Ele sempre prestou atenção aos ataques dos céticos a seu trabalho - principalmente fraude, fantasia, distorções de significado cometidas por intérpretes e metodologia sujeita a falhas - e usava as críticas pertinentes para refiná-lo. Assim, o que divulgava eram casos que, em suas palavras, "sugeriam" reencarnação. Mas as evidências que sustentam os casos selecionados constituem um ótimo ponto de partida para se refletir a esse respeito.

O PONTO DE PARTIDA - A primeira monografia de Stevenson sobre esse assunto, de 1961, foi The Evidence for Survival from Claimed Memories of Former Incarnations, na qual examinava 44 casos publicados de memórias de vidas passadas. O texto rendeu-lhe um prêmio e foi publicado pela American Society for Psychical Research em homenagem ao filósofo William James, um dos primeiros presidentes da entidade. A repercussão não parou aí: depois de ler o trabalho, a famosa médium norteamericana Eileen Garrett, co-fundadora da Parapsychology Foundation, contatou o autor e pediu-lhe para investigar o caso de uma criança indiana que dizia ter vivido antes, sob o patrocínio de sua organização. Stevenson aceitou e viajou à Índia durante as suas férias para fazer a pesquisa.

Guimarães Andrade, o AMIGO brasileiro


Pioneiro na pesquisa do efeito Kirlian e da transcomunicação instrumental em nosso país, o engenheiro e psicobiofísico Hernani Guimarães Andrade foi também o introdutor no Brasil da metodologia de Ian Stevenson para o estudo de casos sugestivos de reencarnação. Os dois, aliás, se conheciam pessoalmente - o pesquisador canadense veio a São Paulo em 1972, e seus arquivos abrigam casos brasileiros estudados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP), presidido por Andrade. Os estudos do IBPP feitos segundo o modelo elaborado por Stevenson renderam os livros Reencarnação no Brasil - Oito Casos que Sugerem Renascimento (Ed. O Clarim, 1988) e Renasceu por Amor - Um Caso que Sugere Reencarnação: Kilden & Jonathan (Ed. Folha Espírita, 1995).



Stevenson começara a prestar mais atenção a um detalhe antes praticamente ignorado no grupo de meninos e meninas que afirmavam ter vivido anteriormente. Na maioria dos casos, a criança portava uma marca ou defeito de nascença que parecia endossar um fato importante de sua vida prévia - por exemplo, duas pequenas marcas circulares na cabeça em posição e dimensões semelhantes às dos ferimentos que a pretensa personalidade anterior tivera ao ser baleada naquela região do corpo. Assim como marcas associadas a tiros, havia diversas outras remetendo a ferimentos causados por armas de fogo, facas, machetes, equipamentos industriais ou por acidentes envolvendo veículos com perda parcial de membros.

Fonte:
REENCARNAÇÃO E CIÊNCIA -
Grandes Reportagens Planeta Agosto/2007

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